Spleen
O poema acima, intitulado “Spleen”, faz parte da obra “As flores do mal” de Charles Baudelaire (que vemos abaixo), aqui, traduzido do original francês para o português por Delfim Guimarães.
No Brasil, um legítimo representante deste estilo foi Álvares de Azevedo:
Segundo Ivan Junqueira, "o spleen é a expressão suprema do famoso "tédio baudelairiano", oposto à aspiração do poeta pelo absoluto e o infinito, cujo símbolo é o ideal"*. O poeta se posiciona como alguém que parece adivinhar no futuro o seu retorno a uma vida espiritual plena de que foi temporariamente apartado, sem conseguir fazer mais que desejá-la. Não deve ser por acaso que a geração seguinte - de poetas condoreiros - se caracterizará pela luta por causas sociais...
O Estudo n. 11 - da série de 12 Estudos escritos pelo brasileiro Francisco Mignone em 1970 - é um legítimo herdeiro das lúgubres gôndolas de Franz Liszt: uma barcarola densa, pessimista, de sonoridades escuras. Intitulado "Spleen", ele está posicionado justamente em meio a uma sequência de estudos que exploram a leveza e fluidez dos ritmos de dança do folclore brasileiro. É como se Mignone quisesse acrescentar à sua monumental obra um tom de drama, um elemento de inflexão formal que justifica e salienta o tom de epifania nas coisas simples que há em outros estudos, como o n. 9. (Em outro post comentamos sobre a relação entre os estudos "n. 4" de Mignone e Liszt.)
O Spleen de Mignone, que temos tocado entre os estudos n. 4 e n. 9, provocou muitos comentários entre os presentes ao nosso recital no Centro Cultural Pampulha, no dia 30/10/11; justamente um Centro onde é notável a vocação para a poesia cultivada por muitos de seus frequentadores e gestores. Ficamos intrigados com a coincidência, e imensamente felizes por conhecer e estimular pessoalmente poetas como a Márcia Araújo, que como nós têm encontrado na arte uma forma de superar noites pardacentas e angústias cruéis, numa caminhada em que o spleen se transfigurou em simples anseio por transcendência.
Na imagem no início do post vemos um retrato deste caminhante que chega a contemplar, do alto, as próprias nuvens (Der Wanderer über dem Nebelmeer, de Caspar David Friedrich - 1818).
Ricardo Marçal
Ricardo Marçal
O violonista belo-horizontino Ricardo Marçal (29) tem se dedicado a uma crescente agenda de concertos pelas mais diversas regiões do Brasil, cativando a simpatia do público e atraindo a atenção de meios de imprensa como os programas “Violões em Foco” e o tradicional “Música e Músicos do Brasil”, ambos da Rádio MEC-FM. É bacharel em Música pela UFMG na classe do professor Fernando Araújo, foi bolsista do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão por dois anos, prossegue seus estudos regulares como aluno particular do aclamado violonista Fábio Zanon e, a convite do maestro Oscar Ghiglia, tem se aperfeiçoado nos cursos anuais de verão da Accademia Musicale Chigiana de Siena, na Itália. Como solista tem se apresentado regularmente em importantes séries por Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo. Seus projetos para 2012 incluem a 2a temporada do projeto "Elegia ao Violão", uma nova turnê com o quarteto de violões Corda Nova, do qual é membro fundador e uma turnê estadual com o Quarteto de Cordas da família Barros. Como pesquisador, Ricardo está elaborando um trabalho de pesquisa sobre o repertório de música de câmara com violão do início do séc. XIX em parceria com o historiador Gerson Castro e é professor dos cursos de história da música e apreciação musical da Academia de Ideias. Além disso, coordena a criação de uma série de música de câmara nos municípios mineiros de Betim, Brumadinho, Contagem, Crucilândia e Esmeraldas. (4/2012)
Colaboradores
Seguidores
11 de agosto
Centro Cultural São Geraldo
25 de agosto
Centro Cultural Jardim Guanabara
30 de agosto
Centro Cultural Alto Vera Cruz
13 de setembro
Centro Cultural Lindeia / Regina
30 de setembro
Centro Cultural Pampulha
11 de outubro
Centro Cultural Padre Eustáquio
30 de outubro
Centro Cultural São Bernardo
6 de novembro
Centro Cultural Vila Fátima
10 de novembro
Centro Cultural Urucuia
28 de novembro
Centro Cultural Salgado Filho
7 de dezembro
Centro Cultural Vila Santa Rita
15 de dezembro
Centro Cultural Venda Nova
EM BREVE AS DATAS PARA OS DEMAIS CENTROS CULTURAIS
1 comentários:
"...E em nossa mente em febre a aranha fia e tece,
Com paciente labor, fantásticas visões..."
Foi exatamente o que me aconteceu ao ouvir, sentir e degustar Ricardo extraindo do violão,histórias,sensações,emoções.
Adorei e recomendo!!!
Postar um comentário