Confissão
"O violão é um instrumento de possibilidades infinitas, onde o fator humano é encontrado em doses generosas: o atrito dos dedos contra as cordas, o fato do intérprete segurá-lo de encontro ao coração, a capacidade de cantar com múltiplas vozes e multifacetado colorido - tudo isso, numa escala íntima, misteriosa, como se fosse de um planeta menor e mais delicado que o nosso, faz com que ele seja, mais do que um mero produtor de sons, um veículo em que todo o ato de fazer música tome um caráter pessoal.
Cada vez mais sinto que os grandes violonistas, não importa o tamanho do público num concerto, tocam como se estivessem se dirigindo somente a uma pessoa, fazendo uma declaração íntima e intransferível." (Fábio Zanon, in: http://aadv.host-ed.net/)
Um momento confessional e epifânico, a um só tempo. A convergência cultural encarnada no violão - o instrumento intimista por excelência, da música em princípio tão imaterial, delicada, flagrantemente dependente do silêncio, da concentração - nos fez voltar às origens, à família, ao berço, ao começo; a música mediando este reencontro-renascimento, reconciliando estas fantasmagorias.
A todos que participaram, nossos comovidos agradecimentos. Até mais!
(a imagem acima reproduz a pintura "Caipira picando fumo", realizada em 1893 pelo pintor e desenhista paulista Almeida Júnior)
Impressões...
"Um repertório instigante, que viaja através da história do instrumento, dando ao público virtuosismo e lirismo em boas doses. Um concerto que certamente vale a pena ouvir."
"Iniciativa fantástica! Que toque a todos quanto puder, pois esta arte é divina e bela. Parabéns!"
"Seu talento e simpatia, acompanhados da boa música com a qual você nos presenteia, deixam nossa vida mais doce e menos áspera na construção dia-a-dia."
"Fui ao concerto (...) e, confesso, me surpreendi positivamente com a receptividade do público, o carinho demonstrado por todos, desde os mais jovens até as mentes mais arraigadas a certos paradigmas do campo da arte e da música. O repertório, o tom, a didática, tudo isso encantou a todos nós! Parabéns (...) a toda a equipe que trabalhou para que esse projeto fosse aprovado!"
Aline Labbate Galvão - jornalista
"Foi sensacional. Primeiro pelo seu domínio do instrumento, em seguida, pela ótima reação do público. Belo projeto (...), prova de que todas as comunidades, por mais periféricas que sejam, se sensibilizam com a boa música."
Tudo começou em Outubro de 2010...
Imagens de Novembro
Elegia
Últimos recitais
"A implantação de Centros Culturais ocorre dentro de um contexto que compreende, por um lado, o cumprimento de uma exigência da Lei Orgânica Municipal, especificamente o seu artigo 169, incorporada dentro da política de descentralização cultural empreendida pela Prefeitura de Belo Horizonte, e, por outro, a mobilização da comunidade para a instalação deste equipamento cultural."
Esta semana visitaremos dois Centros Culturais, na reta final de nosso projeto:
CENTRO CULTURAL SÃO BERNARDO - 18/11: palestra às 10hs e recital às 19:30hs;
CENTRO CULTURAL URUCUIA - 17/11: palestra às 19hs; 19/11: recital às 17hs.
O Centro Cultural Urucuia, cuja foto vemos acima, é um dos que foram inaugurados mais recentemente, em 2008; será nosso retorno à região do Barreiro. Convidamos os queridíssimos amigos da região de Contagem e Ibirité!
Quanto ao Centro Cultural São Bernardo - o próximo a receber nosso recital -, é um dos mais antigos da cidade e marcará a segunda incursão à região Norte de Belo Horizonte, onde inauguramos este projeto no Centro Cultural São Geraldo. Sugerimos uma visita ao respectivo blog: http://centroculturalsaobernardo.blogspot.com/p/centro-cultural-sao-bernardo.html
No dia 6 de dezembro teremos o último recital deste projeto, no CENTRO CULTURAL SALGADO FILHO. Em breve maiores informações!
Spleen
O poema acima, intitulado “Spleen”, faz parte da obra “As flores do mal” de Charles Baudelaire (que vemos abaixo), aqui, traduzido do original francês para o português por Delfim Guimarães.
No Brasil, um legítimo representante deste estilo foi Álvares de Azevedo:
Segundo Ivan Junqueira, "o spleen é a expressão suprema do famoso "tédio baudelairiano", oposto à aspiração do poeta pelo absoluto e o infinito, cujo símbolo é o ideal"*. O poeta se posiciona como alguém que parece adivinhar no futuro o seu retorno a uma vida espiritual plena de que foi temporariamente apartado, sem conseguir fazer mais que desejá-la. Não deve ser por acaso que a geração seguinte - de poetas condoreiros - se caracterizará pela luta por causas sociais...
O Estudo n. 11 - da série de 12 Estudos escritos pelo brasileiro Francisco Mignone em 1970 - é um legítimo herdeiro das lúgubres gôndolas de Franz Liszt: uma barcarola densa, pessimista, de sonoridades escuras. Intitulado "Spleen", ele está posicionado justamente em meio a uma sequência de estudos que exploram a leveza e fluidez dos ritmos de dança do folclore brasileiro. É como se Mignone quisesse acrescentar à sua monumental obra um tom de drama, um elemento de inflexão formal que justifica e salienta o tom de epifania nas coisas simples que há em outros estudos, como o n. 9. (Em outro post comentamos sobre a relação entre os estudos "n. 4" de Mignone e Liszt.)
O Spleen de Mignone, que temos tocado entre os estudos n. 4 e n. 9, provocou muitos comentários entre os presentes ao nosso recital no Centro Cultural Pampulha, no dia 30/10/11; justamente um Centro onde é notável a vocação para a poesia cultivada por muitos de seus frequentadores e gestores. Ficamos intrigados com a coincidência, e imensamente felizes por conhecer e estimular pessoalmente poetas como a Márcia Araújo, que como nós têm encontrado na arte uma forma de superar noites pardacentas e angústias cruéis, numa caminhada em que o spleen se transfigurou em simples anseio por transcendência.
Na imagem no início do post vemos um retrato deste caminhante que chega a contemplar, do alto, as próprias nuvens (Der Wanderer über dem Nebelmeer, de Caspar David Friedrich - 1818).
Notícias do Recital no Centro Cultural Alto Vera Cruz
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Música renascentista espanhola: Luys de Narváez - II
A contrarreforma e a pujança do império espanhol do católico Carlos V geraram um rico cenário cultural, marcado por intensa religiosidade, misticismo e um certo "saudosismo" dos tempos medievais. É nesta Espanha que surgiriam figuras como Tereza D’Ávila – que, entre campanhas de assistência aos pobres, escrevia poemas e orações e tinha êxtases espirituais – e Don Quijote – o famoso personagem de Miguel de Cervantes que enlouqueceu de tanto ler romances de cavalaria, acreditando-se ele também um cavaleiro errante num mundo que já não acreditava em justas e gigantes ameaçadores.
Luys de Narváez (sobre quem já falamos em outro post) tomou um tema da tradição do Canto Gregoriano – o hino “a nuestra Señora” O Gloriosa Domina – e escreveu-lhe seis variações ("diferencias") para compor o 4º de seus Seys libros del Delphin de música de cifra para tañer vihuela. Como se não bastasse o clima fortemente místico de sua música – altamente inspirada na do compositor franco-flamengo Josquin des Prés, um preferido de Carlos V –, Narváez, ao escolher este tema, deu-lhe um tratamento de seriedade e erudição que jamais deixa de provocar um senso de contemplação no ouvinte, em que pese a variedade textural que ele cria a partir do material tão tipicamente simples deste hino medieval.
É música para fazer parar o tempo, apaziguando os pesadelos de um Don Quijote – ou abrindo os céus de uma Tereza D’Ávila...
Imagens do Recital no Centro Cultural Lindéia / Regina
Aproveitamos para agradecer a equipe do Centro Cultural - em especial a Camila Goulart - que nos recebeu com muito carinho e ao público que prestigiou o evento.
Música renascentista espanhola: Luys de Narváez - I
Próximo Evento da Série
Imagens do Recital no Centro Cultural Jardim Guanabara
Mazeppa
Um episódio em especial estimulou a imaginação daqueles artistas: por conta de um romance proibido na Polônia, Mazeppa teria sido atado completamente nu ao dorso de um cavalo selvagem, que cavalgou com ele até a Ucrânia, onde foi libertado ainda vivo. Sua bravura, força e resistência foram homenageadas pelos ucranianos, que elevaram Mazeppa a Comandante Militar supremo – segundo em comando após o imperador.
O grande pianista e compositor Franz Liszt escreveu um poema sinfônico e o 4º de seus “12 Estudos de Execução Transcendente” para piano inspirado nesta história:
http://www.youtube.com/watch?v=O2EIdm-QcqE&feature=related
Ricardo Marçal
Ricardo Marçal
O violonista belo-horizontino Ricardo Marçal (29) tem se dedicado a uma crescente agenda de concertos pelas mais diversas regiões do Brasil, cativando a simpatia do público e atraindo a atenção de meios de imprensa como os programas “Violões em Foco” e o tradicional “Música e Músicos do Brasil”, ambos da Rádio MEC-FM. É bacharel em Música pela UFMG na classe do professor Fernando Araújo, foi bolsista do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão por dois anos, prossegue seus estudos regulares como aluno particular do aclamado violonista Fábio Zanon e, a convite do maestro Oscar Ghiglia, tem se aperfeiçoado nos cursos anuais de verão da Accademia Musicale Chigiana de Siena, na Itália. Como solista tem se apresentado regularmente em importantes séries por Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo. Seus projetos para 2012 incluem a 2a temporada do projeto "Elegia ao Violão", uma nova turnê com o quarteto de violões Corda Nova, do qual é membro fundador e uma turnê estadual com o Quarteto de Cordas da família Barros. Como pesquisador, Ricardo está elaborando um trabalho de pesquisa sobre o repertório de música de câmara com violão do início do séc. XIX em parceria com o historiador Gerson Castro e é professor dos cursos de história da música e apreciação musical da Academia de Ideias. Além disso, coordena a criação de uma série de música de câmara nos municípios mineiros de Betim, Brumadinho, Contagem, Crucilândia e Esmeraldas. (4/2012)
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EM BREVE AS DATAS PARA OS DEMAIS CENTROS CULTURAIS